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Moradora de Guarulhos cria grupo ‘Veganos Pobres’ para troca de receitas no Facebook

Uma jovem moradora de Guarulhos, na Grande São Paulo, reuniu mais de 60 mil pessoas em um grupo no Facebook criado para compartilhar receitas simples, criativas e econômicas de alimentos e cosméticos que não levam produtos de origem animal.

A fundadora do “Veganos Pobres” garante que, além dos bons resultados nos exames médicos periódicos e de conviver sem a culpa de explorar animais, ainda economiza no fim do mês.

Os vegetarianos não comem nenhum tipo de carne -frango, peixe, carne vermelha, frutos do mar. Os veganos, além de excluir carnes do cardápio, não consomem nenhum tipo de produto de origem animal, como ovos, laticínios, mel, gelatina. Além disso, não vestem peças de couro, seda e lã e não utilizam cosméticos testados em animais.

“Este grupo foi criado para desmistificar que veganismo é um estilo de vida caro, e você, como um vegano pobre, está mais do que convidado a nos ajudar nessa missão”, convida Caroline Soares, os administradores e moderadores na descrição do grupo.

São banidas do “Veganos Pobres” receitas com produtos com preço salgado, como castanhas do pará, cogumelos, macadâmia e pistache. A ideia é que sejam compartilhadas receitas que, além de autorais, tenham ingredientes fáceis de encontrar e baratos, no valor de até R$ 10 o quilo.

O grupo

O problema, segundo Caroline, é que os veganos ainda são minoria; assim, o mercado infla o valor dos produtos especiais, como doce de leite de soja, por exemplo, que custa cerca de R$ 20, quando o tradicional custa cerca de R$ 4. Daí a ideia de criar o grupo.

“Decidi criar o ‘Veganos Pobres’ porque as receitas que eu via eram caras e com produtos difíceis de encontrar nos supermercados. Então, inventei uma coxinha com três ingredientes, e fiz o mesmo com outras comidas”, conta.

“No início é mesmo difícil substituir os produtos e deixar de lado algumas coisas que a gente gosta, mas com criatividade nos adaptamos, enquanto desenvolvemos esse senso de responsabilidade com o que consumimos”, continua.

No grupo há receitas de creme de leite feito a partir do arroz, bolo feito com água com gás, chocolate feito com óleo de coco, desodorantes, cremes de hidratação para os cabelos e até de batom. “Outro dia queria comer pastel. Aqui em casa tinha batata, cenoura e abobora. Fiz um purê com os três e recheei o pastel. Ficou ótimo. Me acabei! Me viro com o que tenho”, sugere.

Os próximos planos da jovem é estudar a alimentação vegana, criar um canal no YouTube para complementar o serviço prestado no grupo do Facebook e, quem sabe, publicar um livro. “O veganismo é um estilo de vida para quem não pensa apenas em si mesmo, mas nos animais e no meio ambiente. O desmatamento da Amazônia, por exemplo, está diretamente relacionado à pecuária. Há ainda muito desperdício e consumo em excesso. A ONU já afirmou que a dieta vegana salvaria o mundo da fome e das mudanças climáticas”, defende.

Despertar

Caroline Soares tem 27 anos, no momento está desempregada e mora com a mãe, 15 gatos e 3 cachorros em uma casa na Vila Maricy. Foi o amor pelos animais e o primeiro amigo vegetariano que a fizeram refletir sobre a própria dieta, convertida há dez anos em alimentação sem carne.

“Eu e minha mãe resgatávamos bichos doentes da rua e fiquei amiga de um menino vegetariano. Eu zoava muito com ele até que tive um despertar: me peguei cuidando do meu gato doente enquanto comia um peito de frango. A palavra é ‘despertar’ mesmo. Dali em diante me tornei vegetariana, apesar de algumas recaídas no caminho”, conta.

De acordo com Caroline, grupos de Facebook e documentários a ajudaram a compreender que além da carne, ela também poderia excluir os derivados animais do cardápio. No início, a mudança despertou a preocupação da mãe.

“Ela tinha preocupação com minha saúde e cozinhava carne para me testar, mas não cedi. Depois percebeu que eu, que tive anemia muitas vezes, não tive mais, as crises de asma diminuíram depois de cortar os laticínios e hoje ela até me ajuda, cozinhando separadamente nossas refeições ou me ligando do supermercado para saber se eu consumo determinado tipo de produto”, diz Caroline.

“Minha mãe acabou diminuindo o consumo de carne também e até reconheceu que estava gastando menos nas compras”, continua a jovem, que diz pedir exames todo ano pelo SUS para monitoramento da saúde.

Caroline Soares diz que, apesar de gratificante, não foi fácil a transformação total de seu estilo de vida. “Eu me preocupava sobre como substituiria os produtos de higiene e cosméticos por outros não testados em animais. Mas o shampoo que eu usava deixava meu cabelo ruim, e hoje eu mesma faço outro e meu cabelo continua ruim”, brinca.

“Até dá para fazer maquiagem em casa também, mas acabei desencanando e saio de cara lavada. No final das contas, o veganismo fez com que eu me aceitasse mais, além de me fazer enxergar o mundo de outra forma”, completa.

Fonte: G1

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