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Parque tecnológico da UFRJ ganha centro de pesquisa da L’Oréal e prepara novidades para 2018

Na contramão da decadência na área de pesquisas científicas no país, que sofreu um corte de 44% nas verbas este ano, os bons ventos sopram para as mentes criativas da Ilha do Fundão. O parque tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ganhou fôlego há um mês, com a inauguração do novo Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal; e abrirá, em janeiro, uma unidade da Ambev. Até o fim do ano que vem, um enorme espaço multiuso batizado de O Cubo abrigará atividades para conectar arte e tecnologia.

Com investimentos que chegam a R$ 160 milhões, o novo centro de pesquisas da L’Oréal, na vizinha Ilha de Bom Jesus, foi criado para acelerar o desenvolvimento de produtos que atendam ao mercado brasileiro. Um dos sete centros do grupo francês no mundo e o único na América Latina, a unidade tem 15 mil metros quadrados e conta com mais de cem pesquisadores com a missão de satisfazer o consumidor nacional.

“A unidade de P&I Brasil tem como principal missão criar inovações locais em categorias onde os consumidores brasileiros são altamente exigentes, tais como os cuidados com os cabelos e a pele, proteção solar e higiene, com potencial de lançamento mundial. A ideia é tornar as melhores inovações globais da L’Oréal relevantes para os consumidores brasileiros e latino-americanos, por meio do desenvolvimento local da customização de tecnologias mundiais” ,explica Delphine Allard, diretora de Pesquisa e Inovação da L’Oréal no Brasil.

O mais novo equipamento do Parque Tecnológico da UFRJ possibilitará pesquisas numa área que até então não havia sido explorada pelo centro de estudos. O parque de 350 mil metros quadrados abriga, atualmente, 66 instituições. Estão instalados na Ilha do Fundão centros de pesquisa de 16 empresas de grande porte, nacionais e multinacionais, nove pequenas e médias, sete startups do programa CrowdRio, além de nove laboratórios da própria UFRJ. Está em fase de construção o Centro de Referência Nacional em Farmoquímica, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), fortalecendo ainda mais as diferentes interações com a UFRJ. Na unidade de pesquisa da Petrobras, funciona o mais moderno simulador de perfuração de poços de petróleo do país. O segredo para se manter evoluindo, segundo o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, José Carlos Pinto, é não depender de verba pública.

“Quem investe no parque tecnológico são as empresas que se instalam aqui. A operação usual do parque não se mantém com recursos públicos, exceto determinados projetos. Se não fosse assim, seria difícil nos mantermos em expansão porque o corte do investimentos em pesquisa é dramático. O número de editais previstos para o próximo ano é perto de zero”, lamenta o diretor.

O parque conta ainda com um espaço de coworking, áreas para eventos e projetos de empreendedorismo de alunos e docentes, além da Galeria Curto Circuito de Arte Pública — fruto de uma parceria com a Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ), com patrocínio da empresa residente Vallourec — que apresenta obras de arte e intervenções urbanísticas de artistas convidados, alunos e professores da universidade.

” Para nos tornarmos um local atrativo para empresas, temos que oferecer mais que uma boa estrutura. Precisamos manter em convergência as pesquisas em diferentes áreas. Isso faz as boas ideias se materializarem”, explica José Carlos Pinto.

Além da L’Oréal, funcionam no parque tecnológico centros de pesquisa da Baker Hughes, da BG Group, da Petrobras, da Dell EMC, da General Electric, da Halliburton, da Shlumberger, da Siemens, da Superpesa, da Technip FMC, da Tenaris e da Vallourec.

Da ilha para o resto do mundo

Dos laboratórios do Centro de Inovação e Pesquisa da L’Oréal no Parque Tecnológico da UFRJ saíram produtos que ganharão o mundo. Na unidade, a gigante francesa do mercado de cosméticos também está desenvolvendo estudos com a participação dos próprios consumidores, para avaliar a percepção de seus produtos. Segundo a diretora de pesquisa e inovação da empresa no Brasil, Delphine Allard, o objetivo é criar opções adequadas ao público nacional, mas que também tenham potencial de serem comercializadas no mercado exterior.

“Para conseguir isso, estamos usando métodos e ferramentas de inovação de ponta provenientes da nossa rede mundial de pesquisa, tais como as técnicas usadas para explorar a estrutura da pele e dos cabelos, por exemplo. Além isso, usamos os protocolos de avaliação que incorporam dispositivos instrumentais de ponta (entre eles eles o Chromasphere, que mede os parâmetros da cor da pele, e os Atlas de Envelhecimento Cutâneo) e os métodos em design virtual de fórmulas para atingir rapidamente um benefício direcionado”,  relaciona a diretora.

A moderna infraestrutura do centro de pesquisa conta com ambientes preparados para receber consumidores em diferentes estudos, simulando , inclusive, suas rotinas habituais de beleza e higiene. Os cerca de cem pesquisadores da L’Oréal que atuam na unidade aproveitam a relação com o público para discutir suas impressões em grupos com objetivos específicos e desenvolver em conjunto novas soluções de beleza.

“Um dos produtos inovadores criados pela nossa área no Brasil e com previsão de lançamento mundial é o Elsève TR5 Cicatri Renov. Trata-se de um produto para os cabelos sem enxágue com tecnologia que sela os fios danificados das pontas às raízes graças à associação de silicone reativo com ceramida na fórmula. O produto, lançado recentemente no país, foi criado para atender às exigências dos cabelos brasileiros extremamente danificados e tem uma expansão mundial planejada para 2018”, revela Delphine.

No sentido contrário, o Fit Me Maybelline, maquiagem antibrilho da Maybelline, é um exemplo de uma inovação mundial da L’Oréal vinda de fora que foi adaptada pela equipe de pesquisadores brasileiros para o mercado nacional. Inicialmente desenvolvida nos Estados Unidos para o público americano, a linha ganhou mais dez tonalidades para cobrir a alta diversidade de tons de pele brasileiros.

— Queremos dar um passo além na criação de produtos inovadores para consumidores brasileiros que são exigentes com os cuidados com os cabelos, a proteção solar e a higiene. Queremos que as nossas soluções inspirem o mundo e tornem relevante para os consumidores brasileiros e latino-americanos o que há de melhor entre as inovações globais da L’Oréal. E buscamos isso investindo no desenvolvimento local e na customização de tecnologias mundiais”, explica Delphine.

Fonte: O Globo

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