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Por trás do perfume: indústria de fragrâncias movimenta 7 bilhões de euros

Responsável por fragrâncias de perfumes, cosméticos e incensos, os discretos fabricante de “cheiros” adicionam mais de 200 milhões de euros ao PIB do Brasil.

Do cheiro inesquecível de uma colônia importada ao perfume que produtos de limpeza deixam no ar após uma faxina completa. Todos esses produtos fazem parte de um silencioso batalhão de mais de 15.000 pessoas que faz parte da chamada indústria de fragrâncias, um setor que atua nos bastidores para criar cheiros inesquecíveis para os mais diversos produtos.

Um relatório divulgado nesta semana pela International Fragrance Association (IFRA) mediu pela primeira vez os números do setor e aponta que que as vendas da indústria de fragrâncias passam de 7,3 bilhões de euros (mais de 33 bilhões de reais) ao ano.

A contribuição da indústria ao Produto Interno Bruto (PIB) global é de 2,5 bilhões de euros, segundo o estudo. Feito com base em dados de 2017 calculados em parceria com a consultoria PwC, o estudo não inclui Estados Unidos e Canadá, de modo que os valores globais são ainda maiores.

Se incluída a contribuição à economia gerada na logística para transporte da matéria-prima, o valor agregado global é de 7,3 bilhões de euros. “É uma indústria relativamente pequena mas que causa um grande impacto”, diz Eugenia Saldanha, diretora da IFRA na América Latina.

Devido à importância do mercado, a IFRA está também abrindo em São Paulo um escritório para representar a associação em território latino-americano. A IFRA, que representa cerca de 3.000 fornecedores em mais de 70 países, incluindo junto a entidades parceiras, tem sua sede na Suíça e também escritórios na Europa e na Ásia.

Segundo Eugenia, o Brasil tem um grande mercado consumidor dentre os fabricantes de produtos que usam fragrâncias. No mercado de cosméticos, por exemplo, empresas como Natura ou Boticário precisam da indústria de fragrâncias para qualquer produto que decidam lançar.

Pelo lado da matéria prima, áreas da Amazônia, como no estado do Pará, geram produtos como andiroba, murumuru e ucuuba, cultivadas pela população local e usadas como matéria-prima de cosméticos. Segundo Eugênia, a IFRA tem regras de sustentabilidade rigorosas que precisam ser cumpridas pelos associados em toda a cadeia.

De onde vem esse cheiro?

As fragrâncias, desenvolvidas por profissionais especializados chamados de perfumistas, podem ser feitas de diferentes matérias-primas, tanto sintéticas quanto naturais. Essa indústria consiste em um setor intermediário, que liga os materiais dos fornecedores de matéria prima aos fabricantes de produtos direcionados ao consumidor final.

Dentre as maiores empresas que produzem fragrâncias estão nomes como as suíças Givaudan e Firmenich (primeira e segunda maiores do mundo, respectivamente), a alemã Symrise e a japonesa Takasago, todas operando em dezenas de países.

A Givaudan, líder do mercado, tem na bolsa suíça um valor de mercado de mais de 27 milhões de francos suíços (mais de 24 milhões de euros).

Parte do que faz o segmento agregar valor ao PIB é que a indústria de fragrâncias investe cerca de 8% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento, uma vez que a criação dos produtos exige uma intensa fase de análise e pesquisa. A taxa é o dobro dos 4% em média que empresas globais baseadas na União Europeia gastam com pesquisa e desenvolvimento (o chamado P&D), segundo a PwC. O setor de fragrâncias fica atrás somente do setor automotivo e de empresas de tecnologia no percentual investido em pesquisa.

A criação de um perfume incluir uma paleta de cerca de 3.000 ingredientes, tanto naturais quanto sintéticos, segundo explicou o gerente de perfumaria do Boticário, Jean Bueno, em entrevista anterior a EXAME. “O processo de desenvolvimento de uma fragrância começa como uma tela em branco, em que o artista vai misturando as cores. Um só produto tem de 50 a 400 ingredientes”, disse o especialista.

Por outro lado, o consumidor está disposto a pagar até 88% a mais em alguns produtos devido ao cheiro, segundo a IFRA. “As fragrâncias geram um valor agregado significativo para os produtos que as usam”, diz Eugenia, da IFRA. “Em perfumes é fácil ver essa importância, mas as fragrâncias também afetam a decisão de compra de muitos outros itens”, diz.

Estima-se que um ser humano entre em contato com mais de dez fragrâncias todos os dias, que incluem até mesmo o odor acrescentado no gás de cozinha para aumentar a segurança. Incenso, cremes e até tecidos: tudo leva alguma fragrância. “Elas estão por toda parte, onde nem imaginamos”, diz Eugenia.

Fonte: Exame

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