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Boas Práticas

Você sabe da importância do Data Integrity para sua empresa?

Nos dias atuais sabemos da importância de proteger os dados relacionados a todos os níveis dentro de uma organização. Leia Mais »

Certificados de Boas Práticas de cosméticos e saneantes serão enviado por sistema

O documento será encaminhado, via Ofício Eletrônico, por meio do Datavisa. Com isso, haverá redução de tempo de recebimento pelas empresas. Leia Mais »

Manutenção de Estado de Validado dos Sistemas: o grande desafio das empresas de ciências da vida

As regras de boas práticas de fabricação são claras e determinam a validação do sistema enquanto está sendo implementado, quando normalmente existe atenção da equipe de projeto e os esforços do time está focado na fase de implementação. Mas, e depois que o sistema é entregue para o usuário? E as mudanças? E os eventuais desvios? E a melhoria contínua? Pois bem, é aí que a maioria das empresas enfrentam tamanho desafio. Como manter o estado de validado dos vários sistemas na rotina dinâmica do dia-a-dia? Leia Mais »

ABIHPEC-ITEHPEC reúnem especialistas para discutir as Boas Práticas de Fabricação do setor de HPPC

Na última sexta-feira (9/3), a ABIHPEC, por meio de sua área de Inovação e Tecnologia (ITEHPEC – Inovação e Tecnologia em Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) promoveu o 1º Workshop ITEHPEC de Boas Práticas de Fabricação. O evento contou com abertura do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), João Carlos Basilio, e palestras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de empresas e consultorias especializadas no tema.  Leia Mais »

Doctor Quality promove Treinamento de Boas Práticas de Fabricação

A Doctor Quality, em parceria com a EM&ES Consultoria, promoveu no último dia 27 de janeiro, em Mogi das Cruzes (SP), o Treinamento de Boas Práticas de Fabricação na sede da Doctor Quality. Leia Mais »

Os impactos da transformação digital nos negócios de higiene e beleza

Setor ocupa segunda posição em número de pedidos no e-commerce brasileiro.

O setor de saúde, cosméticos e perfumaria respondeu por 12,2% dos mais de 50 milhões de pedidos registrados no e-commerce brasileiro no primeiro semestre de 2017, perdendo apenas para moda e acessórios, que liderou o com 14,8%, segundo o relatório Webshopper, da Ebit.

O aumento no número de pedidos no e-commerce foi de 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado, resultando num faturamento total de R$ 21 bilhões, 7,5% maior do que ao final do primeiro semestre de 2016.
O relatório também aponta que 25,5 milhões de consumidores realizaram ao menos uma compra por meios digitais no primeiro semestre, alta de 10,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo que 35,9% dos pedidos foram feitos a partir de um smartphone.

Para não ficar para traz nessa corrida pelos consumidores online, a grande maioria das empresas do setor de higiene e beleza está investindo na transformação digital de seus negócios.

Conteúdo especializado
A loja online da Buona Vita já completou dois anos no ar. Segundo a diretora técnica Gisele Caramori, o processo de planejamento, criação e programação do site foi muito bem pensado, considerando as estratégias do mercado online. As principais inovações foram a maneira de apresentar um conteúdo técnico especializado para os profissionais da área e também o refinamento de pesquisa interna de produtos, desenvolvido para facilitar as buscas por meio de grupos distintos, como característica de pele, finalidade, tipo e área onde o produto será aplicado, podendo o usuário selecionar uma opção de cada área, resultando no produto que atende as suas necessidades.

Gisele conta que uma dificuldade foi acostumar o público a comprar online. “A Buona Vita tem quase 30 anos de mercado e anteriormente a essa ascensão digital, utilizávamos como canais de vendas, primordialmente, o setor comercial interno, feiras e eventos, além das nossas revendas que estão espalhadas pelo país todo. Por isso que uma das dificuldades foi trazer o público para esse novo segmento de venda”.

Outro obstáculo enfrentado pela Buona Vita é o consumidor enxergar o site como um canal de vendas “frio”, devido à diferença clara de interação entre uma compra online e uma compra presencial ou via telefone. “Diminuímos essa diferença utilizando uma ferramenta de chat, oferecendo um atendimento focado para cada cliente. Cada dificuldade encontrada é direcionada para um especialista capacitado para pronto atendimento”.

O maior diferencial em relação a outros e-commerces, segundo Gisele, é o fato de o portal ser um canal de informação confiável, atualizado e que abrange todo o público consumidor de cosméticos. “Nesta plataforma disponibilizamos novidades e informações por meio de um blog de notícias diversas do universo da estética e outro blog com conteúdo mais completo, protocolos, além de conteúdo científico”. A empresa também conta com uma área exclusiva para os profissionais de saúde estética, que oferece descontos, promoções e condições diferenciadas.

“Buscamos novos horizontes e estamos desenvolvendo pesquisas para promover a fidelização do cliente, a inclusão de nossos produtos em marketplaces e também a criação de um clube de assinaturas”, adianta.

Penetração nacional
Em razão da grande quantidade de produtos que a Acquaflora oferece, nem todas as lojas físicas conseguem disponibilizar a linha completa de cerca de 200 itens, como a loja online da marca, que está no ar há pouco mais de três meses. “Em nosso e-commerce o cliente pode comprar tudo o que é produzido pela Acquaflora, inclusive lançamentos em primeira mão. Estão disponíveis produtos específicos para queda e caspa, linha de tratamento e coloração, além de todos os nossos finalizadores”, destaca a gerente de marketing Carolina Wadt.

Outra vantagem apontada por Carolina é poder vender para todo o Brasil. “Acreditamos que só com esse modelo de negócio conseguiremos atender a demanda crescente por nossos produtos, principalmente em localidades onde não atuamos”, diz. Por outro lado, o prazo do frente ainda é a principal dificuldade. “Como nosso país é muito grande, mesmo com envio por Sedex, muitas vezes a entrega é demorada e isso gera insatisfação do cliente. Estamos avaliando novas formas de entrega”.

Nova plataforma
A Biozenthi, no último semestre, substituiu a plataforma de loja virtual por uma mais prática, fácil e com um design mais moderno. O biólogo Márcio Accordi, diretor da empresa, explica que a forma como os produtos são oferecidos e mostrados na loja mudou completamente. “Com a nova plataforma, conseguimos inserir mais imagens, ligar um produto em várias categorias correlatas, facilitando a pesquisa dos clientes e mostrando o produto mais vezes, conforme os critérios de pesquisa do cliente”.

Uma melhoria importante foi que o carrinho de compras passou a ter um novo layout, com melhor visualização dos itens, facilitando a compra e a tomada de decisão dos clientes. Outro ponto importante foi melhorar as formas de pagamentos. “Fizemos parcerias com algumas empresas para facilitar os pagamentos por meio de cartões e também para a geração de boletos, permitindo que os clientes optem pela forma de pagamento que mais lhe convir, de forma pratica e transparente”.

A empresa também investiu no atendimento ao cliente. “Nosso atendimento também é rápido e prático, seja por e-mail, telefone ou formulário de contato, onde respondemos aos clientes prontamente, sem a necessidade de passar por vários setores, simplificando o esclarecimento de dúvidas, sejam elas sobre os produtos ou sobre o processo de compra e também com o pós venda”.

Outra estratégia é trabalhar de forma mais intensa as mídias sociais, grupos e também o e-mail marketing, que ainda é uma das ferramentas que mais dá resultados para a Biozenthi, segundo Accordi, além dos comentários das mídias sociais, que têm se convertido em muitas vendas online, que já representam entre 15% e 20% do faturamento.

Opções de navegação
Bernadete Maria Coutinho, gerente comercial da Barba Urbana, lembra que quando a marca lançou o e-commerce, em 2015, a plataforma era muito simples, basicamente com vitrine e opção de pagamento. A mudança veio este ano, com a migração para plataforma mais robusta e versátil, na qual o consumidor tem inúmeras opções de navegação, gerando uma interação favorável com a empresa. “Exemplo disso é o acompanhamento do pedido, desde a compra até o recebimento da mercadoria. Tudo online”, ressalta.

“Com a melhoria da nossa plataforma, geramos um aumento de 300% no número de acessos em nosso site e, consequentemente, um aumento considerável em nossa receita do e-commerce”, comemora. Atualmente, segundo Bernadete, as vendas online já representam 30% do faturamento. Bernadete admite que ainda existem desafios, como conseguir melhorar os preços e os prazos de entrega. “Temos muita demanda do mercado externo, porém, com os altos custos logísticos e a demora na entrega do produto, a operação fica inviável. Não depende de nós. Quando o pedido entra em nosso sistema, ele é, no geral, liberado em 48 horas. A deficiência está na empresa que administra as entregas”, diz.

Venda humanizada
A transformação no e-commerce da Pharmapele começou em setembro de 2016, quando foram feitas mudanças na interface do site, favorecendo a arquitetura de navegação e implementando novas ferramentas para facilitar o cadastro e compra do cliente, inclusive na versão mobile, que já representa mais de 50% dos acessos dos clientes.

“O principal desafio do e-commerce de cosméticos é falta de oportunidade de o cliente sentir o toque sensorial e experimentar a fragrância dos produtos. Buscamos constantemente humanizar essa venda, para que o cliente sinta cada vez mais a sensação e certeza do que está comprando”, diz Mariana Saldanha, gerente de marketing da Pharmapele. Para oferecer uma melhor experiência de compra, a empresa produz uma série de vídeos explicativos e interativos que demonstram o efeito real dos produtos. “Os VTs são sucesso nas redes sociais e também no site e alavancaram a venda dos produtos relacionados”.

A Pharmapele também mantém um canal de chat com atendimento personalizado online para dúvidas e interações com o cliente. Outras ferramentas também são úteis, como o resgate do último carrinho de compras, o preenchimento automático do endereço cadastrado e do cartão de crédito.

“A expectativa é alcançar cada vez mais expressividade dentro do negócio. Queremos aprimorar cada vez mais nosso sistema operacional para sempre facilitar a vida do cliente, e conseguir quebrar a barreira do virtual com produtos que despertem cada vez mais o desejo dos consumidores”.

Segurança de dados
Para Fred Barata, diretor de novos projetos da Inoar, a maior preocupação era com a segurança da operação para o cliente. Com esse foco, a empresa buscou parceiros com maior confiabilidade do mercado para desenvolver nossa plataforma e executar a operação logística de forma precisa. “Esse cuidado se reflete em uma experiência de compra de altíssimo nível que aproxima ainda mais os clientes da marca, onde quer que eles estejam”.

As vendas online representam cerca 12% do faturamento da Inoar, resultantes principalmente de vários sites de vendas em operação no pais. “A perspectiva principal é que haja cada vez mais interação entre o consumidor e a marca, gerando conteúdo que agregue na percepção de qualidade dos produtos e alcance consumidores nos pontos mais remotos do país”.

Tendências digitais
Luiz D´elboux, gerente de marketing da HostGator, empresa de hospedagem de sites, avalia que segurança e privacidade nas transações financeiras são pontos sensíveis para todo segmento de e-commerce. “Certifique-se de que seu site possua recursos como o selo de segurança que identifica vulnerabilidades e protege o site de ameaças externas, além de adicionar sistemas que utilizam criptografia entre o servidor e navegador de acesso, como o SSL”, aconselha.

Não poder testar o produto antes da compra ainda configura um obstáculo no segmento de cosméticos. “Pensando em amenizar esse empecilho, alguns portais oferecem miniaturas de produtos como brindes, enviados juntamente ao produto que foi comprado”. O executivo aponta as principais inovações que as pequenas e médias empresas de cosméticos devem considerar em sua estratégia de negócios online.

Mobile First – Possuir um site com design pensado para dispositivos móveis é uma necessidade real. Na prática, porém, ainda existem e-commerces que não possuem uma versão exclusiva e pensada para smartphones e tablets. O resultado é uma experiência ruim para o usuário, alta taxa de rejeição e baixa conversão. Saiba mais aqui.
ChatBots – Utilizar chatbots para atendimento pode ser a oportunidade de escalar uma conversa e garantir uma experiência positiva para o usuário. O Gartner prevê que até o ano de 2020, 85% das interações com os consumidores será automatizada.

Automação de marketing – Maior produtividade do time, ganho de escala, e aumento no número de conversões são alguns dos benefícios em contar com a automatização de alguns processos de marketing através de softwares. Porém, antes, é necessário conhecer muito bem o perfil do seu cliente através de estudo e planejamento bem estruturados, além de mensurar e analisar dados constantemente.

Quanto aos marketplaces, portais que reúnem diversas lojas virtuais e costumam ser poderosos canais para propagar vendas, D´elboux indica buscar busca de opções focadas no mercado de cosméticos. “Mas avalie com cuidado as taxas de comissionamento antes de decidir por este canal”.

“Outra oportunidade são os comparadores de preço, sites que pesquisam e mostram ao usuário o produto de diferentes lojas online, aumentando sua visibilidade”, diz. Segundo o especialista, redes sociais e o e-mail marketing funcionam muito bem na distribuição do conteúdo e promoção de vendas, desde que direcionados ao público correto. “Identifique em quais redes o seu público está presente, e saiba o momento de oferecer o conteúdo certo para a pessoa certa”.

D´elboux destaca a experiência de compra como um fator importante. “Facilite o processo, solicite somente informações necessárias para o cadastro e seja objetivo. Processos de compra longos e exaustivos tendem a diminuir a taxa de conversão”. De acordo com o executivo, dados da Forrester Research mostram que 23% dos usuários desistem da compra mediante a necessidade de realizar um cadastro. “Seja transparente e deixe bem claro desde o início do processo quais serão os custos com frete, juros e taxas”.

A escolha de um bom servidor de hospedagem, segundo o executivo, também influencia diretamente no desempenho e velocidade de um e-commerce e, consequentemente, na experiência de compra do usuário. “Além disso, sites mais velozes são favorecidos pelo Google no que diz respeito ao ranqueamento no resultado de busca”.

Inbound marketing
Para Roberta Cipoloni Tiso, sócia das empresas Agência DPI, Buzz Strategy e Rellato Comunicação e Sustentabilidade, que conduziu o webinar O que é Inbound marketing e como começar com tudo!”, promovido pela Assespro-SP, o conceito de Inbound (expressão que sinteticamente pode ser entendida como “atrair”) surgiu em 2006, quando seus inventores, Brian Halligan e Dharmesh Shah, criaram uma inovação no marketing digital, fazendo com que os consumidores fossem despertados para o interesse em produtos.

Segundo Roberta, o Inbound marketing trabalha com três principais pilares: marketing de conteúdo, estratégias de mídias sociais e SEO (Search Engine Optimization) – uma forma de otimizar o posicionamento de sites em resultados orgânicos em mecanismos de busca, como Google. “Mas antes disso é preciso planejar. É necessário desenvolver uma estratégia e estudar profundamente os negócios da empresa”, alerta.

Uma das primeiras atividades realizadas no trabalho de Inbound marketing é a criação de um “mapa de empatia”, onde são traçados os perfis das “personas” que se pretende alcançar. Usando diversas ferramentas para entender o comportamento, realizar monitoramentos e traçar métricas do usuário, a metodologia de Inbound trabalha com diferentes soluções durante todo o processo da “jornada do comprador”, buscando levar ao cliente, acima de tudo, o maior nível de satisfação possível – a recomendação – processo também conhecido como o encantamento do cliente.

Multicanal ou omnichannel?
A Plusoft, maior fabricante brasileira de CRM e plataformas digitais de relacionamento, reforça que é necessário entender as diferenças entre ferramentas de relacionamento omnichannel e multicanal para uma atuação mais assertiva no atendimento ao cliente.

Muitas empresas possuem uma variedade extensa de canais de atendimento, como chat, SMS, e-mail, redes sociais, Apps e videoatendimento. Porém, eles não estão, necessariamente, interligados. O omnichannel vai além do multicanal e integra as informações do consumidor em todos os pontos de interação dele com a marca. O conceito é atender diferentes canais e condensar tudo em uma única ferramenta, transformando em uma só experiência e oferecendo o conteúdo informacional como a estratégia que a empresa quer passar.

“O omnichannel consegue passar segurança no conteúdo informacional e gasta menos tempo no suporte que é dado ao cliente e ao consultor. Outra vantagem é interagir com cada consumidor no canal de preferência dele e com a linguagem adequada a cada perfil de indivíduo. Os canais são separados, mas as informações estão unificadas, garantindo com que a empresa consiga tirar ótimos insights para a melhoria dos produtos e do processo”, explica Guilherme Porto, CEO da Plusoft.

“Quando a empresa fala para um público que compra tanto na loja virtual quanto na física e também por meio de consultoras, o omnichannel consegue suportar todas as dúvidas e informações nas várias ferramentas que estão condensadas na solução, passando de forma rápida as informações que os clientes necessitam”, ressalta Porto.

Fonte: FCE Cosmetique

Indústria 4.0, ‘Digitização’, Internet das Coisas e a 4ª Revolução Industrial

Por Jair Calixto*

Recentemente temos visto proliferar uma quantidade grande de artigos e matérias, em revistas técnicas especializadas e na internet, a respeito de temas ligados à tecnologia da informação e, alguns destes termos têm chamado a atenção pela novidade e ineditismo, como Indústria 4.0, Digitização, Internet das Coisas e 4ª Revolução Industrial.

Mas o que significam estes termos e o que eles têm a ver com a indústria farmacêutica? Qual o ineditismo disso?
Em primeiro lugar temos que buscar as definições de cada um deles para, posteriormente, situá-los no contexto das atividades industriais e na nossa vida cotidiana.

Comecemos com Internet das Coisas (IoT). Segundo o conhecimento difundido atualmente, é o emprego da internet como plataforma de inter­câmbio de informações, permitindo a comunicação entre um número ilimitado de dispositivos, dando origem ao que se convencionou chamar Internet das Coisas, ou IoT, na sigla em inglês. Em resumo é a incorporação de serviços digitais nos produtos (Product Service Systems).

Uma outra definição encontrada no Wikipedia*, diz o seguinte: Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things) é uma revolução tecnológica a fim de conectar aparelhos eletrônicos do dia-a-dia, como aparelhos eletrodomésticos a máquinas industriais e meios de transporte à Internet, cujo desenvolvimento depende da inovação técnica dinâmica em campos tão importantes como os sensores wireless e a nanotecnologia.

*Conforme apresentado em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Internet_das_Coisas.

Indústria 4.0 é a incorporação, em alta velocidade, da digitalização às atividades industriais, automatizando tarefas e serviços, antes realizados manualmente.  O controle da produção ocorre com o uso de sensores e equipamentos conectados em rede e com o uso de sistemas. É a 4ª Revolução Industrial.

Digitização**. Você não está lendo uma palavra digitada erroneamente. Não é digitação, mas di-gi-ti-za-ção. São serviços que tiram partido do contexto, da rede e dos dados para darem resposta rápida às necessidades dos consumidores. Uber, Hyp, Airbnb, Crowdmed, Coursera, Peadpod são alguns dos exemplos da digitização em curso.

** Conforme apresentado na seguinte referência: http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/internet/2015-06-10-Digitizacao-vem-ai-um-admiravel-mundo-novo.-Outra-vez.

A digitização é a consequência imediata da Internet das Coisas, convertendo na virtualização de muitos dos serviços e atividades providas atualmente em meio físico.

Esta nova visão das tecnologias disponíveis no mundo atual prevê a integração entre:

– sistemas com qualquer máquina/equipamento (“coisas”),

– sistemas com as pessoas e

– sistemas com outros sistemas.

É uma integração de processos, sistemas, dados e pessoas. Neste modelo as pessoas possuem mais poder de decisão sobre a utilização de determinados serviços. É quase que uma apropriação da atividade exercida por terceiros. Conclui-se, obviamente, que os processos e atividades não automáticos serão automatizados também e de maneira muito veloz!

O que se convencionou chamar de Internet das coisas é a conexão de sistemas de tecnologias digitais com aparelhos, máquinas e equipamentos ligados à internet.

O benefício desta concepção é a automatização e digitização de processos e atividades, provendo-os de agilidade e velocidade na apresentação de resultados.

Figura 1 – Integração entre “coisas”, sistemas, pessoas.

Aplicações

Quais são as aplicações destas “novidades” no mundo real?

Sempre que uma ideia inovadora é posta em discussão, logo surgem as descrenças e dúvidas. Mas as pessoas demoram a perceber o avanço das tecnologias extremamente inovadoras. Quando elas desapontam, causam espanto generalizado. O gráfico abaixo mostra o ciclo de aplicação de uma nova tecnologia e sua percepção/adoção pelas pessoas.

 

Gráfico 1- Percepção das pessoas em relação à entrada de uma nova tecnologia. Ref.: Gustavo Caetano⁵

Sempre quando uma tecnologia extremamente inovadora aparece, permeiam as discussões o questionamento da real aplicabilidade destes conceitos novos para a realidade das empresas e isto é natural, pois ninguém quer ter seu status quo, sua rotina ou área de conforto, alterados. A mudança assusta as pessoas. Porém, algumas dessas inovações já são concretas (estão em acelerado processo de implantação), já estão desenvolvidas ou estão em franco desenvolvimento. São exemplos desta nova realidade:

– Os Softwares-Aplicativos, que tendem a acelerar sua utilização,

– A Inteligência Artificial,

– Os Veículos Autônomos – já em testes,

– Os Veículos Elétricos – já em uso,

– Alta Tecnologia Digital em Equipamentos Médicos – já em testes,

– Impressora 3D – já em uso e com potencial de aperfeiçoamento acelerado.

A IoT e a digitização em massa devem ser os conceitos centrais da nova revolução industrial, a Indústria 4.0. Sua base é conectar os equipamentos, máquinas, objetos, sistemas, dados e pessoas, integrando-os em uma rede, cuja finalidade é aperfeiçoar e acelerar serviços e atividades, proporcionando:

  •   maior velocidade na realização de tarefas,
  •   maior confiabilidade,
  •   maior agilidade na troca de informações,
  •   maior conhecimento do processo,
  •   maior capacidade de realização de tarefas,
  •   execução de tarefas complexas e demoradas,
  •   substituição de trabalhos manuais,
  •   maior segurança,
  •   aumento da produtividade,
  •   processos mais enxutos,
  •   substituição de processo custosos e demorados e
  •   oferta de produtos mais baratos.

Um dos exemplos dessas aplicações, mencionadas acima, é o projeto DHL/CISCO³, onde as empilhadeiras, as caixas de produtos, esteiras, máquinas e sistemas de controle de temperatura estão conectados fornecendo informações sobre segurança, qualidade, ambiente (temperatura e umidade), operação e movimentação dentro do armazém.

Figura 2- Integração dos meios de produção; conexão entre os equipamentos, máquinas, objetos, sistemas, dados e pessoas, integrando-os em uma rede de informações e dados.

Neste novo cenário, é de se prever que, tarefas repetitivas e que não incorporam valor ao trabalho e ao negócio da empresa tendem a ser substituídas, dando lugar à automatização de processos e atividades.

Assim, os softwares, bem como os aplicativos, cuja utilização está em expansão, desempenham um papel crucial e seu desenvolvimento acelerado evoluirá para campos onde nunca se pensou que estes sistemas poderiam atuar. Mas não é apenas isso. Para completar este modelo de desenvolvimento da chamada Indústria 4.0, são necessários sensores, de todos os tipos e para todas as aplicações. Aqui está o foco desta inovação: sensores.

Com o desenvolvimento de sensores para as mais diversas aplicações, é possível pensarmos em qualquer sistema, para qualquer processo, serviço ou atividade. Um exemplo disso é o software da IBM chamado WATSON, que é capaz de análises jurídicas com grande precisão.

Mas por que os sensores são tão importantes? Por que eles representam a tecnologia de aquisição de dados que os sistemas utilizarão para desempenhar seu papel nos mais diversos campos do conhecimento.

Como exemplo, podemos citar um avanço dos equipamentos médicos:

Atualmente, para se avaliar os parâmetros sanguíneos de uma pessoa, deve-se:

(1)   Agendar com o laboratório clínico;

(2)   Ir ao laboratório na data marcada;

(3)   Ser submetido à coleta de sangue;

(4)   Fazer análise, com testes específicos, deste sangue, para cada parâmetro que se quer (Glicose, colesterol, ácido úrico, triglicérides, etc.).

(5)   Aguardar alguns dias;

(6)   Buscar o resultado ou conseguir pela internet;

(7)   Levar ao médico na próxima consulta e obter o diagnóstico.

Quanto tempo terá se passado até que o paciente saiba do diagnóstico médico? Vinte dias, trinta dias? Por volta disso.

Agora imagine o seguinte:

Um equipamento com sensores nanotecnológicos colocados em pontos específicos do corpo, sobre a pele, que analisa o sangue e emite o resultado em questão de minutos, no próprio consultório médico.

Imagine a diferença de tempo!

Alguns produtos básicos já são conhecidos, como as pulseiras Fitbit, Microsoft Band, Nike FuelBand. O uso na saúde é uma das milhares de aplicações possíveis da IoT!

Indústria Farmacêutica

E quais as perspectivas de utilização deste conceito na indústria farmacêutica? Podemos sonhar com algo assim? Minha resposta é: com certeza! Nenhum setor industrial estará fora deste circuito. Em muitas atividades, dentro da área industrial, será possível identificar uma potencial mudança evolutiva e uma aplicação digital, conforme já falamos anteriormente. Podemos iniciar pela área fabril, mais precisamente na produção:

(1)  PAT. Os avanços do process analytical technology ainda caminham timidamente, muito por conta da insegurança e do status quo existente. Mas os conceitos do PAT têm um forte potencial de aplicabilidade na indústria farmacêutica. Ele é o exemplo mais claro e concreto com possibilidade de uso do IoT na indústria farmacêutica. Ele prevê a transferência de análises de Controle de Qualidade para as linhas de produção, online/inline, por meio de equipamentos analisadores adequados. O mais comum deles atualmente é o NIR (Infravermelho próximo). Com o PAT, a economia de tempo de processo será bastante significativa. Análises de teor, pH, testes de identificação, umidade, poderão ser realizados no momento em que a produção ocorre, de modo que o produto poderá ser liberado imediatamente após sua finalização na linha de embalagem. Estas informações poderão ser coletadas por um sistema central, armazenando as informações diretamente na pasta do produto. Como os custos de produção diminuirão, consequentemente, os preços dos medicamentos tenderão a baixar, beneficiando toda a sociedade.

Figura 3 – Simulação da aplicação do PAT em linha de produção.

(2)  MES. Atualmente é utilizado o Manufacturing Execution Systems, termo usado para designar os sistemas focados no gerenciamento das atividades de produção e que estabelecem uma ligação direta entre o planejamento de produção (ERP) e o chão de fábrica. Os sistemas MES geram informações em tempo real que promovem a otimização de todas as etapas da produção. O MES pode importar dados de um sistema ERP, parâmetros para a produção, armazenar tempos de operação (por operador), tempos de máquinas, componentes usados, material desperdiçado, pode armazenar dados de qualidade (inspeções, check lists e não conformidades), análise de métricas e desempenho da produção, controle estatístico do processo (CEP) e de indicadores de capacidade (Cp, Cpk), entre outras atividades. Assim, os equipamentos do PAT podem estar conectados ao MES, fornecendo uma gama infindável de informações. Por sua vez, o MES poderá estar conectado a um sistema central – Big Data Analytics-, concentrando todas as informações de cada produto, de modo a gerenciar sua aprovação e liberação para distribuição ao mercado e outras decisões gerenciais.

(3) Dados de Controle de Qualidade.  Dados obtidos de softwares específicos do Controle de Qualidade e da Garantia da Qualidade, por exemplo o LIMS, poderão ser transferidos para um Sistema Central (Big Data Analytics) que avaliará os dados e gerenciará a aprovação e liberação do produto para comercialização.

(4)  Tecnologias de Controle de Qualidade. O desenvolvimento nesta área tende a ser exponencial nos próximos. Em que pese a necessidade de controle regulatório, entendo que, muitas das tecnologias evoluirão para propiciar análises em tempo real, com menor consumo de reagentes, mão de obra, recursos em geral, reduzindo o lead-time de produção e os estoques de materiais, bem como outros sistemas que podem ser desenvolvidos para automatizar processos e atividades manuais desempenhadas no controle de qualidade e garantia de qualidade atualmente, como, por exemplo, investigação de desvios, controle de mudanças, análise de riscos, auditorias, validações, entre outras atividades manuais. Todas estas atividades poderão se integrar em um sistema central, conforme já mencionado anteriormente, acelerando o processo de tomada de decisão e fortalecendo a segurança da qualidade.

Conclusões

O tema é ainda bastante complexo de entender, mas com as aplicações sendo postas ao público e às empresas, a compreensão das pessoas sobre o que é Internet das Coisas se tornará cada vez mais clara em um futuro muito breve. Sua aplicação e uso, na indústria farmacêutica é, a meu ver, muito desejável, pois a indústria farmacêutica tem baixo grau de inovação e automação quando comparada a outros setores da economia.

Os avanços que poderão ser incrementados ao setor farão a indústria mudar de patamar em termos de produtividade e qualidade de serviços, adquirindo um nível tecnológico bastante expressivo, aumentando a segurança dos processos, reduzindo lead-times, aumentando a produtividade, aumentando a segurança para o paciente e, o melhor de tudo, reduzindo preços de medicamentos.

Referências

As referências abaixo foram utilizadas como base para a redação deste artigo.

1 Udo Gollub. A 4ª Revolução Industrial já está acontecendo -.http://www.profissaoatitude.com.br/Blog/Post/8058926.

2 Ahmed, Shahid; Chitkara, Raman. The Industrial Internet of Things. PWC, 2016.

3 Macaulay, James; Buckalew, Lauren, Chung, GinaInternet of Things in LogisticsA collaborative report by DHL and Cisco on implications and use cases for the logistics industry. 2015, Troisdorf, Germany.

4 Sondagem EspecialIndústria 4.0: novo desafio para a indústria brasileira. Publicação CNI, Ano 17, Número 2, Abril de 2016.

5 Gustavo Caetano12 coisas que você precisa saber sobre o futuro da tecnologia. Disponível emhttp://slides.com/gustavocaetano/12-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-futuro-da-tecnologia#/5, acessado em 16.07.2016.

6 WikipediaInternet das coisashttps://pt.wikipedia.org/wiki/Internet_das_Coisas. Acessado em 16.07.2016.

7 Revista Exame. Digitização. Vem aí um admirável mundo novo. Outra vez.

http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/internet/2015-06-10-Digitizacao-vem-ai-um-admiravel-mundo-novo.-Outra-vez. Acessado em 16.07.2016.

*Jair Calixto é Farmacêutico-Bioquímico graduado pela USP e atualmente de  Gerente de Boas Práticas e Auditorias Farmacêuticas do Sindusfarma.  E-mail:  [email protected].

Água para uso na fabricação de produtos cosméticos e afins – O desafio para a definição das especificações de qualidade

A estrutura química da água e seu comportamento dipolar, torna-a um excelente meio para solubilizar, absorver, adsorver ou suspender diversos compostos, inclusive para carrear contaminantes e substâncias indesejáveis, as quais poderão alterar a pureza e eficácia de um produto e causar risco a saúde. Além disto, possui a capacidade de se contaminar logo após sua purificação (Farm. Bras. 5ª ed., vol.1, cap.11).

Considerando a complexidade do tema – purificação de água, a Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Esta Portaria apresenta em seus anexos, o padrão para a potabilidade de água e requisitos de controle. De forma geral, a água potável deve apresentar um pH entre 6,0 e 9,5, uma concentração máxima de cloro residual livre de 2 mg/L, não ultrapassar 2,4 mg/L de ferro e 0,4 mg/L de manganês, e apresentar uma turbidez máxima de 0,5 a 5,0 uT, conforme determinado. Além destes parâmetros físico-químicos, outros tantos estão apresentados nas Tabelas VII, VIII, IX e X desta Portaria. No que tange padrão microbiológico, o limite para a contagem de bactérias heterotróficas é de 500 UFC/mL, além da ausência de coliformes totais e fecais (E. coli) em cem mililitros de água.

Contudo, se analisados os diversos elementos químicos orgânicos e inorgânicos presentes potencialmente na água, e sobretudo, seus limites aceitáveis, conforme Anexo VII, da Portaria MS 2.914/11, é possível afirmar que água para o consumo humano, além de apresentar variações significativas em cada ponto de abastecimento, poderá gerar diversas reações indesejadas se utilizada diretamente nos processos de fabricação de produtos cosméticos, medicamentos e outros conforme a regulação Sanitária.

A exemplo disto, pode-se observar claramente o crescente aumento das exigências no que tange água como matéria-prima para produtos regulados pela ANVISA. Pois, dentre as diversas aplicações da água, conforme descrito na Farmacopeia Brasileira 5ª edição, volume 1, capítulo 11, é considerada uma matéria-prima de produção local, utilizada na produção de medicamentos, cosméticos e de outros produtos de interesse sanitário, além de ser o elemento essencial para a maioria dos processos de limpeza de equipamentos e áreas de produção.

Aspectos regulatórios sobre a qualidade da água para uso na produção de cosméticos e afins.

A Resolução da ANVISA RDC nº 48 de 28 de outubro de 2013, apresenta o regulamento técnico de boas práticas de fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, atualizando e harmonizando as diretrizes nacionais com o Mercosul e outras normas internacionais.

Esta norma contempla os requisitos mínimos exigidos à serem cumpridos pelas indústrias na fabricação, embalagem e armazenamento, e controle de qualidade dos referidos produtos.

Embora apresente informações limitadas ao tema – água para uso em processos, permite uma reflexão sobre as exigências atuais e suas complexidades. Como qualquer norma sanitária, carece de complementações a partir de fontes reconhecidas pela ANVISA, e com outras normas desta agência reguladora, como a RDC nº 17/10 (BPF para medicamentos).

“A fonte de provimento de água deve garantir o abastecimento em quantidade e qualidade adequadas”, vide item 13.1 da RDC 48/13. E, no item seguinte desta RDC, “A empresa deve definir claramente as especificações físico-químicas e microbiológicas da água utilizada na fabricação dos produtos, devendo atender no mínimo aos padrões microbiológicos de potabilidade”. A primeira pergunta é: o que significa qualidade adequada para a água ser utilizada como matéria-prima na produção de produtos para a higiene pessoal, cosméticos e perfumes? Potável? Com certeza esta não possui características de pureza que garantam a qualidade adequada em termos físico-químicos. E, no que tange especificação microbiológica, pode ser adequada em alguns casos e em outros não.

A segunda pergunta é referente ao item 13.2.1, o qual define que somente água dentro das especificações estabelecidas deve ser utilizada na fabricação destes produtos. Como garantir que cada porção de água destinada a um dado lote em fabricação, atende os requisitos de qualidade previamente estabelecidos? É preciso considerar as especificações completas de qualidade formalmente estabelecidas de acordo com as exigências mais rígidas dos produtos fabricados em uma indústria. Além disto, cabe salientar que não se consegue medir diariamente a qualidade da água de forma completa, pois os ensaios microbiológicos requerem um tempo prolongado (5 – 7 dias) para conclusão. E, os resultados encontrados, são referentes a uma amostra do passado, não sendo obrigatoriamente a tradução do momento atual (de uso da água no processo). O item 12.6 da RDC 48/13 considera o descrito acima, exigindo que o monitoramento da qualidade da água seja periódico nos pontos críticos do sistema. Isto é, a água para processos (matéria-prima) deve ser produzida a partir de um sistema capaz de atender as especificações de qualidade (físico-químicas e microbiológicas) de forma constante. Portanto, um sistema de produção, armazenamento e distribuição validado é algo imprescindível.

As exigências contidas no item 13 desta RDC, devem ser atendidas, considerando o complemento técnico a partir da RDC 17/10 (Título VI, Capítulos I ao VII) e do Guia da ANVISA de 2013 que trata deste tema de forma mais ampla e completa.

Aspectos relacionados aos critérios microbiológicos e físico-químicos seguros para uso nos processos de produção de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, na limpeza das linhas de produção e no controle de qualidade.

O item 13.2 da RDC 48/13 determina a liberdade da empresa em definir as especificações físico-químicas da água, sendo o padrão microbiológico mínimo aceitável igual ao da água potável (máximo 500 UFC/mL de bactérias heterotróficas e ausência em 100 mL de coliformes totais e fecais).

A RDC nº 481/99 define os padrões microbiológicos de controle para produtos de uso infantil e ao redor dos olhos ou em mucosas, e para os demais produtos cosméticos. Determina além do máximo permitido em unidades formadoras de colônias de micro-organismos aeróbicos totais (UFC/ mL ou g), a ausência de Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e coliformes totais e fecais em 1 g ou 1 mL de amostra. Sendo estes micro-organismos os indicadores de risco à saúde por falha das boas práticas de fabricação, abrangendo processos, produtos, equipamentos e matérias-primas.

Na rotina analítica, não é incomum encontrarmos situações onde, amostras de água intermediária ou com a purificação concluída, apresentando baixa carga de unidades formadoras de colônias de bactérias aeróbicas totais (UFC/mL), mas com presença de Pseudomonas spp. e outras bactérias Gram-negativo.

Por esta razão, indica-se a utilização da água potável com a menor carga microbiana possível como ponto de partida para a produção de água purificada – matéria-prima.

Os contaminantes microbianos da água, em especial bactérias do tipo Gram-negativo, quando detectadas, são indicadores de problemas. Estes micro-organismos são potenciais formadores de biofilme nas estruturas internas de sistemas, proporcionando um incremento gradual da carga microbiana total (UFC/mL), e reprovação de amostras por presença de micro-organismo patogênico. Além disto, afetam ensaios analíticos e alteram os níveis de COT/TOC em amostras de água, dentre outras situações indesejáveis. Portanto, os pontos críticos de sistemas de produção de água para uso em processos, devem ser monitorados quanto a presença de bactérias Gram-negativo, como por exemplo, coliformes, Pseudomonas spp. (P. aeruginosa) e Burkholderia cepacia.

A Farmacopeia Brasileira 5ª edição, volume 1, capítulo 11, apresenta na Tabela 1, os principais tipos de águas, especificações de qualidade e indicações de uso, abrangendo desde o uso como matéria-prima na produção, até lavagem de equipamentos e uso nos laboratórios de controle de qualidade. Dentre os tipos de águas descritos nesta Farmacopeia, a Purificada possui a indicação de uso na produção de produtos cosméticos em geral, no controle de qualidade e outros usos.

As especificações da farmacopeia para a água purificada, FB 5ª ed., vol.2, contemplam: condutividade (limite de 1,3 mS/cm a 25ºC; Carbono orgânico total (COT/TOC) máximo de 0,5 mg/L; substâncias oxidáveis (passa no teste); Acidez e Alcalinidade (passa no teste); Contagem total de micro-organismos aeróbicos (máximo de 100 UFC/mL) e ausência de Pseudomonas aeruginosa e coliformes totais e fecais (E. coli) em 100 mL de amostra), principalmente em produtos de uso tópico.

Farmacotecnicamente, pode-se afirmar que os constituintes físicos, químicos e microbiológicos presentes na água de uso em processos, terão algum tipo de interação nas formulações. Além disto, contaminantes indesejáveis trarão risco à saúde e reprovação de lotes de produtos. Em última análise, poderão gerar desgastes das empresas e perda de competitividade no mercado.

Portanto, as especificações de qualidade da água para uso na produção, devem assegurar de forma robusta, considerando margens de segurança (limites aceitáveis) e a finalidade de uso de cada produto, que não afetarão a qualidade final dos produtos fabricados.

Considerações finais

O conhecimento aplicado é a base para o sucesso da produção ao controle de água para uso na fabricação de produtos cosméticos em geral. Porém, o desafio inicial é a determinação das especificações e limites seguros para a matéria-prima água para uso na produção de cosméticos e produtos regulados. Simplesmente adotar especificações da água potável não é algo seguro, conforme as discussões fundamentadas na Legislação vigente. Salvo que existam justificativas tecnicamente sustentáveis para tanto.

O segundo desafio é a determinação do melhor desenho de sistema para produzir, armazenar e distribuir água dentro dos padrões de qualidade estabelecidos, de forma constante, e que atenda as normas de boas práticas de fabricação.

A sequência dos desafios será em tono das qualificações, validações, monitoramento contínuo, dentre outros temas requeridos pelas BPF.

Bibliografia de apoio

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução – RDC n°48, de 20 de outubro de 2013.  Boas Práticas de Fabricação para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Brasília: ANVISA, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução – RDC n°17, de 16 de abril de 2010.  Boas Práticas para a Fabricação e Controle de Produtos Farmacêuticos. Brasília: ANVISA, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução – RDC n°481, de 23 de setembro de 1999.  Estabelece os parâmetros de controle microbiológico para os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Brasília: ANVISA, 1999.

Fernando D. Amaral – Farm. Ind., Ms
Consultor técnico www.unicasuporte.com.br

Especialista em BPF desvenda a RDC 47/2013 – Boas Práticas de Fabricação de Produtos Saneantes

Confira a entrevista com o consultor, auditor e instrutor de Sistemas de Gestão Nelson Oliveira. Leia Mais »

Práticas sustentáveis resultam em benefícios ao Grupo Boticário

A sustentabilidade está na alma e na essência do Grupo Boticário, que controla quatro unidades de negócio: O Boticário, Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box. Assuntos que mostram o propósito da empresa, conectadas às tendências sociais e ambientais, como equidade de gênero, logística reversa, ecoeficiência, certificações, métodos alternativos a testes em animais e muitas outras iniciativas permeiam o jeito do Grupo fazer negócio, desde a obtenção das matérias-primas até a reciclagem das embalagens, orientando a organização nas decisões e práticas.

A beleza pode transformar a vida de cada um e, assim, transformar o mundo ao seu redor. Pensando nisso, a empresa tem o maior programa de logística reversa do Brasil em pontos de coleta. São mais de 4 mil pontos de venda que recolhem as embalagens devolvidas pelos consumidores e destinam para cooperativas de materiais recicláveis, gerando renda e garantindo a inserção desses materiais em outros ciclos produtivos. Em 2016, 1.200 catadores foram beneficiados por essa ação e têm oportunidades de profissionalização.

O Relatório de Sustentabilidade de 2016 mostra que o Grupo deu continuidade à implementação das melhores práticas de produção, operação e canais de venda, transformando realidades em busca de um futuro melhor em parceria com colaboradores, franqueados, fornecedores e consumidores. Afinal, a empresa tem como propósito transformar a vida de cada um, e assim, transformar o mundo ao redor.

“Já são mais de 10 anos de atualização e mobilização, com ações muito consistentes. As ações de sustentabilidade contribuem com a jornada de transformação que a empresa quer ver no mundo, e as novas conquistas alcançadas em 2016 reforçam esse amadurecimento do tema dentro da empresa”, destaca o CEO do Grupo Boticário, Artur Grynbaum.

Fabricação de envase a frio

Uma das principais ações implementadas no ano passado foi a adoção da nova tecnologia de fabricação de envase de cremes e loções a frio, que trouxe uma redução média de 71% no tempo de fabricação, gerando eficiência operacional e reduzindo o consumo de recursos: 70% no consumo de energia elétrica, 15% no custo de transformação e 10% no custo de matérias-primas.

Ainda com relação às embalagens, a linha Cuide-se Bem, de O Boticário, foi toda repaginada e os frascos e bisnagas passaram a ser feitos com plástico vegetal, produzido a partir do etanol da cana-de- açúcar, material 100% renovável. Somente com essa iniciativa, mais de 230 mil litros de petróleo por ano deixaram de ser usados, além de render ao Grupo Boticário o Sustainable Beauty Awards, na categoria embalagem.

Ecoeficiência

Outra grande conquista foi a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa. A revisão da malha logística, otimização da carga/rota e incentivo para uso de combustíveis alternativos ao diesel contribuiu para uma diminuição de quase 20% na emissão de gases nas frotas, em relação ao ano de 2015. Além disso, ao reduzir a utilização do combustível fóssil para geração de energia elétrica, foi possível uma economia financeira e uma diminuição da emissão dos gases em 53% no Centro de Distribuição em Registro e em 19% na fábrica de São José dos Pinhais (PR), também comparado com 2015.

Práticas como economia de água também são cotidianas no modelo de trabalho do Grupo Boticário. Em 2016, 21% do total de água utilizada em São José dos Pinhais e 31% em Camaçari (Bahia) foram de reúso. Ainda nesse ano, a fábrica no Paraná passou a usar uma tecnologia de Israel para garantir que 100% da água utilizada nas torres de resfriamento fosse reaproveitada.

Quanto à energia elétrica, a simples adoção de lâmpadas de LED nas áreas de envase, refeitório, logística, manutenção, docas e oficinas garantiu uma economia superior a 250.000 khw/hora em São José dos Pinhais, o que equivale ao consumo anual de energia de mais de 130 casas. Na Bahia, o consumo de energia diminuiu 44% em Camaçari e 12% em São Gonçalo dos Campos, com relação ao ano anterior.

Desde 2015, parceiros e fornecedores incentivados pelo Grupo Boticário, também trabalham práticas de ecoeficiência em suas operações. Os resultados foram bastante significativos nas empresas que participaram do Programa: redução de 43.200 metros cúbicos de água/ano, o equivalente a 17 piscinas olímpicas; redução de 9.098 MWh/ano, suficientes para o consumo da residência de quase todos os 8 mil colaboradores do Grupo Boticário; e redução de 41 mil kg de CO2/ano, o equivalente a 115 viagens de carro entre a Bahia e o Paraná.

Certificações

Além disso, as ações de sustentabilidade realizadas pela empresa são reconhecidas nacional e internacionalmente. A fábrica de Camaçari é a primeira do Brasil no setor de cosméticos a obter a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O espaço da quem disse, berenice? no Shopping Cidade São Paulo, na capital paulista, também conquistou o título de primeira loja de cosméticos com certificação LEED Platinum no varejo brasileiro, a mais alta da categoria, coloca em prática ações para eficiência energética e uso de mobiliário sustentável.

Propósito com a sociedade

O compromisso com o meio ambiente é o mesmo que o Grupo tem com as pessoas. Por conta disso, temas como empoderamento feminino têm um grande destaque na empresa. O Grupo Boticário é signatário do Women Empowerment Principles, promovido pela ONU Mulheres. No ano passado, foi lançado, em parceria com o Portal Papo de Homem e a ONU Mulheres, o documentário “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela equidade de gênero”, baseado em um estudo sobre como os homens podem participar do diálogo pela equidade de gênero.

E em busca de métodos alternativos que garantam segurança e eficiência dos produtos sem realizar testes em animais, a empresa investiu também na inédita tecnologia organs on a chip, para identificar com mais rapidez a probabilidade de um cosmético causar irritação ou alergia na pele humana.

Essas e outras ações reforçam as atitudes positivas do Grupo Boticário, que trabalha para que a beleza transforme a vida de cada um e o mundo ao nosso redor. “Nosso desejo de transformar a sociedade com um novo jeito de fazer negócio vem se concretizando, pois conseguimos implementar iniciativas cada vez mais relevantes com propósito de beneficiar toda a sociedade. O desafio para os próximos anos é acelerar nossa capacidade de resposta, assumindo uma postura mais ousada e corajosa para acompanhar as mudanças rápidas que o mercado e a sociedade pedem”, reforçou Malu Nunes, gerente de Sustentabilidade do Grupo Boticário.

Para conferir mais detalhes sobre as ações que permeiam o tema dentro do Grupo Boticário, acesse o link do Relatório de Sustentabilidade 2016.